Por Sérgio Coelho Martins
Na semana passada, participei do primeiro Open Franchise Summit em São Paulo, realizado por Pedro Mello e Mauro Peres, sócios da Next. O evento aconteceu no InovaBra, espaço de conhecimento e coworking do Bradesco. Foi um evento de grande impacto profissional pra mim. Já fui a vários encontros sobre franchising em minha carreira, mas este foi o primeiro sobre gestão de redes de franquias em que presenciei franqueadores e franqueados misturados na plateia, participando de forma integrada e harmônica das atividades e discussões de temas, insights e painéis.
O movimento Open Franchise surgiu a partir de novas práticas desenvolvidas por franqueadores inovadores, inspirado em modelos colaborativos de gestão, com forte influência dos conceitos adotados por organizações exponenciais, muito delas do Vale do Silício.
Como diz a cartilha do movimento, “no Open Franchise, mais decisões e tarefas podem e devem ser assumidas pelos franqueados, que muitas vezes tem uma noção melhor de ‘onde o calo aperta’. Seguindo essa mesma lógica, no modelo Open Franchise todas as atividades da rede são reavaliadas por sua capacidade de gerar valor, como também quem tem os comportamentos e conhecimentos mais adequados para realizá-las.”
A intenção é substituir hierarquia e burocracia por comunicação e agilidade, visando aumento de performance e de melhores resultados no sistema, minimizando o nível de estresse com aumento de satisfação na rede.
E não é que isso acontece na prática? O evento discutiu não só os preceitos básicos do Open Franchise – como os 5 Pilares -, mas também trouxe cases reais e de sucesso inegável de redes de franquias que conseguiram reverter situações de grande tensão e baixa performance em cenários positivos e colaborativos.
Daniel Guedes, da SMZTO, mostrou as vantagens da mudança de postura do Grupo, que decidiu buscar o envolvimento dos franqueados de algumas de suas redes, como a Yakissoba Factory e a Casa X, em decisões e tarefas que afetam a sustentabilidade de seus negócios e de toda a rede. Guedes afirmou que “não é preciso perder para que o outro ganhe.” Através de reuniões de grupos de transformação, utilizando a técnica Master Mind, várias soluções inovadoras surgiram nessas redes. E quem atestou a qualidade e o impacto positivo dessas mudanças foram os próprios franqueados, já que alguns deles estavam presentes ao evento.
Kiko Hwang, fundador da Yakissoba Factory, afirmou que decidiu investir na sinceridade e transparência para salvar sua rede que, pelo que ele informou, parecia estar à beira de um colapso. Abriu diálogo direto com os franqueados, detectou os líderes e pessoas-chave, começou a trabalhar com eles e criou um Grupo de Transformação, onde os problemas e soluções eram discutidos de forma transparente. Teve algumas reuniões presenciais com esses franqueados e continuou com encontros via Skype. Segundo Kiko, os problemas de comunicação, de baixo faturamento da rede e de falta de confiança no franqueador e no negócio foram superados. Kiko atesta que a maioria das coisas no Open Franchise depende mais de boa vontade do que de dinheiro. Para o empresário, muitas vezes o franchising oferece um enxoval de coisas inúteis. E aconselha: “temos que tirar o que não é relevante para o business!” E os franqueados presentes aplaudiram seu franqueador.
O evento proporcionou discussões temáticas em grupos, e nos trouxe grandes momentos de reflexão, de como caminhar do pensamento individual em direção ao coletivo.
Fábio Oliveira, da Flytour, nos trouxe outra rica experiência de uma rede que segue vencendo os desafios da prestação de serviços e da tecnologia, em um mercado altamente competitivo. O gestor, que assumiu a empresa de seu pai com a responsabilidade de expandir seu legado, afirmou que hoje ele não quer ser o “dono” de seus franqueados, e sim um facilitador. Alinhado com os preceitos do Open Franchise, Fábio diz que, hoje, uma de suas principais funções é criar ambientes de troca saudáveis.
Quem também passou pelo evento para dar uma palestra rápida e que particularmente me chacoalhou bastante foi Romeo Buzarello, o homem de marketing por trás da Tecnisa. Sem dúvida, Romeo é o cara que tem um Zetgeist como nunca vi. Veja algumas de suas provocações:
Hoje, mentalidade vale mais do que idade. • Quem não for “fodástico” será derrubado pelo algoritmo. • A principal tecnologia de agora é a tecnologia de gestão. • Mais importante que ter armas digitais, é incorporar a alma digital.
Buzarello detalhou algumas de suas estratégias e, de forma extremamente aberta, mostrou alguns dos softwares e técnicas que usa na gestão da comunicação de marketing da Tecnisa. Aliás, como diz ele, é mais “matemarketing” do que marketing.
Marcelo Amorim, que se auto-nomeia um empreendedor serial, também trouxe algumas contribuições ao evento. O que mais me chamou a atenção em seu speech foi sua visão de ponto de ruptura. Para ele, uma mudança exponencial demanda um ponto de ruptura radical, pra sair da inércia. Após essa ruptura, a organização deve partir para a fase incremental.
Muito mais foi dito e provocado. Eu fiquei particularmente feliz em ver que existe um movimento que conseguiu explicar e sistematizar uma prática que, em minha vivência junto a diversas redes de franquias, vejo como única solução viável para expandir negócios sustentáveis em um mundo que vive na “versão beta”. E o melhor, resgatando a felicidade em todos os envolvidos. A Carvalho Martins Comunicação e a Track Techno Software já são parte do movimento Open!